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O Centro de Educação em Tempo Integral (CEDIN) Emílio Gazaniga Júnior, do bairro São Vicente, ganhou novos sons e formas desde o ano passado. Através do projeto “Cortar, Lixar, Pintar e se Divertir”, os alunos que frequentam a unidade no contraturno escolar, tem a oportunidade de aprender a confeccionar brinquedos e outros artesanatos. Dentro do próprio CEDIN e sob a supervisão do professor Ezequiel Borges, eles participam de todo o processo: desde o corte da madeira, com  ferramentas manuais e elétricas, até a fase final, a da pintura dos materiais. Na mão desses alunos - artistas - o que era lixo, vira arte. A partir de madeiras reutilizáveis e restos de construção civil, eles constroem tratores, carrinhos, suporte para celular, lápis e canetas, porta-chaves, caixas e tudo aquilo que a imaginação permitir.

“Eu gosto muito de trabalhar com os gostos de cada um dos alunos envolvidos no projeto. Às vezes eles me perguntam se dá para fazer algum artesanato e, juntos, vamos construindo. Através do nosso projeto também procuro desmistificar alguns preconceitos, como por exemplo, aquela velha história de que carrinhos são apenas para meninos. Nada disso! As meninas também gostam de carros, de automóveis e de dirigir”, salienta o professor idealizador do projeto, Ezequiel Borges.

O projeto envolve alunos de 9 a 13 anos e, desde o ano passado, já contemplou quase 50 alunos. Alguns deles, pretendem seguir os passos como artesãos ou carpinteiros. É o caso do estudante Arthur Cunha Pereira, de 12 anos, que através das aulas, ganhou o gosto pela marcenaria e, assim, vai seguir a profissão do pai, que já é parceiro do projeto. “Meu pai sempre doa para o nosso projeto madeiras que não seriam mais utilizadas e aqui a gente reaproveita tudo”, enfatiza.

“Fui me aprofundando no assunto, gostando cada vez mais e passei a me dedicar muito. Para a minha profissão do futuro já terei uma grande base”, afirma Felipe de Oliveira Patichelli, outro aluno que participa do projeto.

Para conseguir adquirir alguns equipamentos que não podem ser reaproveitados, como lixas, fechos para as caixas ou dobradiças, por exemplo, o projeto pretende realizar um bazar para vender algumas peças confeccionadas pelos alunos. Ainda não há data ou local para o evento.

Parcerias com outros projetos da unidade

O projeto “Cortar, Lixar, Pintar e se Divertir” conta com a parceria de outros professores, que auxiliam os alunos na pintura dos materiais e, assim, um projeto vai se entrelaçando ao outro dentro da unidade escolar. Uma professora recebeu a doação de linhas para a realização da oficina de crochê. O professor Ezequiel, então, teve a ideia de incentivar os seus alunos a confeccionarem as agulhas. E essa parceria atraiu os olhares de Luiza Rodrigues Nascimento, de 12 anos, que já idealiza um futuro como artesã e empresária. “Quero fazer roupas de crochê e empreender com uma loja própria”, destaca.  

Os alunos da oficina de crochês já estão, inclusive, confeccionando roupas para os personagens do boi de mamão, como a Maricota, por exemplo. “Trabalhamos com metodologias ativas, onde o aluno é personagem principal no processo de aprendizagem e o professor mediador. Nossos projetos tem embasamento na sustentabilidade.  Grande parte dos materiais usados nos projetos são recicláveis. Nossa premissa baseia-se no conceito faça você mesmo, ou seja, o aluno se apropria de novos conhecimentos por meio das atividades práticas que envolvem tentativas de erros e acertos, sendo uma maneira importante de desenvolver habilidades de resolução de problemas”, pontua a diretora do CEDIN Emílio Gazaniga Júnior, Maristela Nunes Alfredo.

Da marcenaria para a horta

Outro projeto desenvolvido na unidade pelo professor Ezequiel Borges é o da Horta Escolar, que alia educação financeira e ambiental. Há cerca de dois meses, os alunos da marcenaria também estão envolvidos com o plantio de cebolinha verde, rúcula, beterraba, alface, salsa e couve flor. As primeiras colheitas já deram frutos e parte dos alimentos foi vendida para a aquisição de novas mudas. Todo valor arrecadado vai para o caderno de prestação de contas e os estudantes também participam deste processo, que abrange noções matemáticas e de educação financeira.

“É muito gratificante participar de todos esses projetos no CEDIN. Imagina o que eu estaria fazendo se só ficasse em casa? Aqui eu aprendo a plantar, mexer na terra com ferramentas, regar as plantas, confeccionar brinquedos e até a fazer crochê. Minhas tardes são sempre muito diferentes e divertidas”, comemora Emily Raquel Ribeiro, de 12 anos.

“Estou muito feliz e realizado em poder transmitir esses conhecimentos aos alunos. Através da horta e da oficina de marcenaria, conseguimos trabalhar as questões ambientais na sua essência, construindo um processo de educação, responsável por formar indivíduos preocupados com o tema e que busquem a conservação, a preservação dos recursos naturais e a sustentabilidade”, finaliza o professor Ezequiel Borges.